Anarquia, o significado da palavra
A palavra anarquia vem do grego “Vapxia”. O v ao início da palavra significa Não e o PX quer dizer Poder, Mandato. De maneira simples, a etimologia do termo de maneira geral, o que é desprovido de um princípio diretor e de origem, ou seja, ausência de norma, hierarquia, autoridade ou governo. As palavras anarquia e anarquista foram usadas livremente,em sentido político, durante a Revolução Francesa.
O termo, se ainda é mal usado hoje, também o foi no passado e só com a publicação da obra de Pierre Joseph Proudhon em 1840 “O que é a propriedade?”, é que se estabeleceu um pensamento libertário. Ao assinalar a propriedade como um roubo, o autor foi o primeiro intelectual a se autodeclarar convertido ao anarquismo e disseminou a bandeira de “uma forma de governo sem amo e nem soberano!
Notem que o Sistema derrubou reis e outras potestades, mas não quis derrubar a escravidão, com a qual o homem conviveu desde a época de faraós e césares até o show político a que conduziram a princesa Isabel a assinar a Lei Áurea, acabando com o último elo da escravidão nas américas. Mas a escravidão continuaria de maneira velada, nas ditas democracias ou mesmo escancarada em países comunistas ou ditatoriais. Nas américas, ela continuou através do preconceito racial nos EUA e através da descarada ação brasileira, que se aproveitou do negro mesmo após o fim da escravidão, pois o final desta jogou milhares de afro-descendentes nas ruas, que só sabiam trabalhar e obedecer. E assim, negando-lhes todos os direitos fundamentais para uma existência dígna, a troco apenas de um parco salário, os coronéis e classe alta aproveitaram do negro até que os filhos deste, mais educados e reconhecendo a safadeza do homem branco, criaram no Brasil a Consciência Negra...Mas, a grosso modo, um movimento ainda fraco, pois o negro, o verdadeiro descendente africano, é dócil e não dado a violências e, ainda por cima, o Sistema, satanicamente organizado, não dá condições de reações a eles – e nem a ninguém, e aí voltaremos aos anarquistas.
Nem negros, índios ou brancos são livres
O homem deixou de ser um escravo sob chicote de couro para continuar escravo, mas sob um invisível chicote político. O Sistema, que hoje monitora o cidadão através de satélites, também o faz em terra, através de uma entrelaçado de documentos que ata as mãos do cidadão, sem que ele perceba. Se não tiver RG, pode ser considerado um bandido; sem CPF você não consegue tomar empréstimos bancários e nada; e, sem estes documentos capitalistas, você passa a ser um “indigente”; e, sem o TÍTULO DE ELEITOR, a arma deles – não a nossa, você não consegue tirar os documentos citados acima. Isso é só um simples exemplo. O controle político sobre o cidadão é muito mais abrangente que a nossa vã tentativa de ser livres através de movimentos anarquistas possa imaginar.
O símbolo mundialmente conhecido
Então voltando ao Anarquismo, ele, assim como comunistas pseudo-religiosos defendem sua posição citando a vida em comum dos primeiros cristãos e que nada tem a ver com o movimento brutal comunista, que também não foi o pregado por Karl Marx, mas foi cruelmente usado por Stalin, assim como Hitler usou o nazismo. Já o anarquismo tem sim, base religiosa, pois Deus fez o homem, as aves, animais e toda a natureza completamente livres, com a obrigação de apenas obedecer ao Criador. E a própria Bíblia cita que “Um homem domina sobre outro homem para sua própria desgraça!
Assim, a base simples do Anarquismo é a de não aceitar domínio de governos ou líderes religiosos pois cada homem, além do direito universal de ser livre, tem o direito também universal de sobreviver dignamente em um pedaço de terra, sem ter que dar satisfações a outros homens, aqui no caso, os antigos monarcas que pesavam as costas do povo com impostos para patrocinar seus luxos; a igreja católica, que pesava sobre as costas dos fiéis leis criadas pelo próprio homem, ameaçando o povo com o inferno (ou com a fogueira, na Inquisição), fazendo com que o homem se dobrasse ante a religião e a política. E quanto àqueles que não conheciam tais práticas, originadas na Asia, Oriente-médio e disseminadas na Europa e depois em quase todo mundo, seriam feitos escravos, como o povo africano ou simplesmente destruídos, como maias, incas e astecas e nossos índios, no Brasil. O que o poder religioso não conseguia dominar, seria dominado (ou destruído) pelo poder político.
O invencível Sistema e os famosos anarquistas
Então, dentro do nosso foco, anarquista é todo aquele que não aceita ser dominado. Para não voltar mais às religiões (pois seria outro vasto assunto), dentro da política perversa gerada pelo diabólico Sistema que acabou trazendo o mundo para a globalização, que é uma maneira de levar o homem a deixar Deus ainda mais de lado e ter total domínio sobre o mundo. E assim, atacado de uma forma cada vez mais organizada, coesa e forte, com praticamente todos rezando numa só cartilha, religiosos e militares, usando muitos sem que eles mesmo se dêm conta que estão a serviço do Mal, o Sistema político fechou de vez o cerco sobre o ser humano, nesta tríade absolutamente invencível pelo ser humano. Suas três principais armas? Poder, sexo e a pregação de liberdade e igualdade. Não há mais como o ser humano escapar do Sistema...
Por tudo isso, todos os movimentos anarquistas no mundo me cativaram. Os grandes anarquistas nem sabiam deste nome e que o Sistema iria usá-lo mais tarde contra eles mesmos, levando o povo a ter um anarquista como um baderneiro, um predador das coisas alheias, enfim, um movimento que veio para perturbar a moralista e santa Sociedade dominada pelo Sistema...
Assim, somente de lembrança – me perdoem os esquecimentos, os Macabeus (na Bíblia católica) foram anarquistas, os judeus que os nazistas aniquilaram em Varsóvia, foram anarquistas, Nelson Mandela foi anarquista, Bertolt Brechet, João Cândido (o Almirante Negro) e Zumbi, foram também anarquistas, assim como Zapata e Vila. Lampião, os Farroupilhas, Antonio Conselheiro, Frei Caneca, Tiradentes e muitos, muitos outros, todos anarquistas. Os anarquistas de antigamente gostavam de citar até Jesus Cristo, já que Ele pregava que um homem não é maior que o outro e que devemos obediência apenas a Deus!
Mas o que vem a ser Anarquia?
O anarquismo é uma filosofia política e social que faz oposição a Estados, aqui entendido como governo e, por extensão, toda autoridade, hierarquia ou controle social que se imponha ao indivíduo, por considerar isso indesejável, desnecessário e nocivo. Sébastien Faure, filósofo anarquista francês, disse: “Qualquer que negue a autoridade e lute contra ela, é um anarquista!”
Sob uma formulação tão simples e com mínimas doutrinas, o movimento manifestou uma tão grande variedade de aproximações e ações, que nem sempre foram bem entendidas pela opinião pública. Historicamente falando, o anarquismo se centra em geral no indivíduo e na crítica de sua relação com a Sociedade. Seu objetivo é a troca social até uma futura sociedade, em palavras de Pierre-Joseph Proudhon, “sem patrão e sem soberano”!
Não existe um acordo acadêmico quanto à taxonomia das correntes anarquistas, mas é comum assinalar as quatro mais importantes, que são o Anarquismo individualista, Mutualista, Comunista e Anarcosindicalismo. E, algumas fontes assinalam também o Anarquismo coletivista.
William Godwin, autor do primeiro Tratado Anarquista
Desde a antiguidade aconteceram vários movimentos anarquistas, mas seu ponto de partida como pensamento e doutrina teve início no final do Século 18, através da obra de William Godwin. Mas as experiências anarquistas mais significativas se dariam ao longo do Século 20. Mas é no século passado mesmo que começa o declive do anarquismo como movimento social, a partir de 1940. Depois as ideías anarquistas seriam recuperadas e novamente elaboradas por estudiosos e pensadores, mas o declínio da Anarquia viria a partir de 1960.
Talvez, como defendem alguns pensadores, pelo conflito de idéias e interesses entre anarquistas e comunistas. Os últimos, mais organizados e com apoio financeiro da Russia, através da disciplina de Gramsci, conseguiram se infiltrar aos poucos na política dos países de menos cultura e menos desenvolvidos, como as América do Sul, Central e Latina e achando campo fértil, chegaram aos governos de diversos países, como na Venezuela, Colômbia e Brasil, só pra citar os três que, somados à ditadura cubana, garantem a proliferação comunista.
Já os anarquistas, como citado acima, são movimentos isolados e mal vistos pela Sociedade, já enxertada pelo preconceito do Sistema capitalista e absorvendo os preceitos comunistas, sem notar.
Antecedentes do Anarquismo moderno
Devolvam-nos, ricos seculares, avaros e usurpadores
os bens que injustamente acumularam! - Thomas Müntzer
Os pensamentos, reflexões e idéias anarquistas mais antigas de que se tem ciência procedem do filósofo chinês Lao Tsé, opositor contra o Estado e a autoridade religiosa e qualquer outro domínio sobre o homem. Na Antiga Grecia podemos encontrar Zenón de Citio, que propôs uma concepção de comunidade livre de governo à utopía estadista de Platão. Num marco do reformismo religioso e social do Século XVI na Europa, a primeira apresentação literária de uma sociedade igualitária foi uma utopia de Tomás Moro.
Também na Europa, como um anarquismo moderno, destacando-se especialmente o teólogo e ativista político Thomas Müntzer, líder revolucionario durante a Guerra dos Camponeses Alemães que sacudiu o Sacro Império Romano-Germânico. E muitos outros, dentro do que podemos chamar de Anarquismo individualista, marcaram seus nomes no movimento dos séculos passados.
Novos caminhos
Já na idade moderna, em París, um grupo de anarquistas russos exiliados, entre os quais se encontrava Majnó chegaram à conclusão que os anarquistas necessitavam desenvolver novas técnicas de organização em resposta às estruturas bolchevistas.
Néstor Majnó (1889 - 1934), líder da Revolução Majnovista, impulsor do
Plataformismo. Liderou os camponeses em guerrilha na Ucrânia, na década de 20
Eles entenderam que o anarquismo estava separado e assim, dividido em ações e metas. E essa “desorganização crônica” levaria ao fim do movimento. Assim, num manifesto chamado de Plataforma de Organização para uma União Geral de Anarquistas, os exilados russos de Dielo Truda propuseram uma organização baseada em princípios ideológicos e táticos; ação coletiva; e disciplina e federalismo. Apoiado por alguns e rejeitado por outros, o documento continua a vigorar até hoje nas federações de países que se baseiam nos citados princípios.
Alguns dos sucessos mais relevantes da história anarquista
Foto de François Claudius Koënigstein (1859 - 1892), mais conhecido como Ravachol, anarquista francês famoso, odiado e temido por seus atentados.
Comuna de París (1871), Revolución Cantonal (1873), Revuelta de Haymarket (1886), Semana Trágica de Barcelona (1909), Revolución mexicana (1910), Liberación de Baja California (1911), Revolución majnovista (1917), Consejos de Baviera (1918), Semana Trágica (Argentina) (1919), Biennio rosso (1919,1920), Patagonia Rebelde (1920), Rebelión de Kronstadt (1921), Liberación de Manchuria (1929), Sucesos de Casas Viejas (1933). Revolución de 1934 (1934), Revolución española (1936), Mayo del 68 (1968)
Levantamiento zapatista (1994), Batalla de Seattle (1999), Argentinazo (2001)
Asamblea de Oaxaca (2006) e Insurrección griega (2008).
Mantivemos os nomes dos movimentos acima no original para não descaracterizar a força do nome. Como pode-se ver, o movimento anarquista é mais focado na Europa e depois, México e Argentina, ou seja, sua atuação se prendeu ao México (entre América do Norte e Latina) e Argentina, na América do Sul.
Anarquismo brasileiro
No Brasil houve um fraco movimento trazido pelos imigrantes na luta operária, mas não chegou a vingar. Zelia Gattai, jornalista, escritora, esposa do não menos famoso escritor Jorge Amado, foi uma ativista anarquista. Filha dos imigrantes italianos Angelina e Ernesto Gattai, é a caçula de cinco irmãos. Nasceu e morou durante toda a infância na Alameda Santos, 8, Consolação, em São Paulo. Zélia participava, com a família, do movimento político-operário anarquista que tinha lugar entre os imigrantes italianos, espanhóis e portugueses, no início do século XX. Mais tarde ela escreveria o livro Anarquista graças a Deus!, que se transformou num especial pela rede Globo de Televisão e está dando título à nossa matéria.
Anarquismo na Espanha
Voltando à Europa, na Espanha, praticamente o último reduto do anarquismo ativo, houve como que uma “ressurreição” anarquista. O que se deu na Revolução Social na Espanha em 1936, se deve muito ao Anarcosindicalismo na Catalunha durante a Guerra Civil. O anarquismo, enfraquecido já há uns 50 anos, encontrou em terra e no espírito espanhol o mais fértil solo. Assim, mesmo declinando sua importância no mundo encontrou na Espanha milhares de adeptos às idéias anarquistas entre os trabalhadores de Barcelona e Madrid, e sobre tudo entre os camponeses de Andalucía, Aragón, Levante e Galicia, com tal intensidade moral em muitas partes que alcançava a forma espiritual de uma nova religião!
O assunto é tão vasto como a existência do homem sobre a face da Terra, pois, como citamos, a Anarquia é um modo de vida, é uma visão particular da vida e do mundo. Um dos movimentos apolíticos que mais se aproximou da Anarquia foi o Hippie dos anos 60. A única diferença é que o movimento hippie não tinha metas e já a Anarquia tem uma única meta, mas é universal e utópica: o homem livre! E isso o Sistema que comanda este mundo jamais permitirá...
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